Dona Urraca e seus amigos

Ano 2 - Nº 2 - 24/Setembro/2001


EQUILIBRADO!
SLB: 8
SPORTO: 9

A vitória do colectivo contra o individualismo. Na noite de 2ª feira, dia 24 de Setembro de 2001, um magnífico espectáculo desportivo teve lugar no já famoso panteão do futebol nacional, o recinto fechado da Escola de Carnaxide.
O sucesso pendeu desta vez para o lado do SPORTO, por uma diferença mínima, que apenas se pode encontrar no desiquilíbrio surgido pelo aparecimento de sinergias, dado o bom desempenho conjunto efectuado.

O 2º jogo da época tinha reunidos os ingredientes para mais uma noite de festa. De um lado, o SPORTO, limitado a 5 elementos depois da auto-exclusão de Ferreira e da (mais uma vez) incapacidade de Castilho: Moura, Lee, Abreu, Subtil, Bonito. Do outro, o SLB, mais completo, mais dedicado, com 7 jogadores: Pignatelli, Figueiredo, Pedrito, Marques, Costa, Bragança e o retornado Valente.
Cedo, no entanto, foi pedido pelo SPORTO para Valente equipar o colete amarelo e ajudar o SPORTO. O SLB, na defesa dos princípios do DERBI, prontamente acedeu ao pedido, mesmo sabendo que tal opção iria ser prejudicial para a equipa. Mas tudo se faz em nome do espectáculo!
O SLB actuou como habitualmente: 1 Guarda-redes inexpugnável e bastas vezes surpreendente; 2 defesas robustos e tacticamente disciplinados e 2 atacantes muito móveis. Dentro deste esquema giravam as necessidades de adaptação devidas às substituições: mais força no ataque quando Bragança entrava, mais técnica com a dupla Marques - Costa; mais raçuda com Figueiredo - Pedrito.
O SPORTO confrontava o QUADRADO VERMELHO com uma PIRÂMIDE DINÂMICA VERDE E AZUL: À frente do inexcedível Moura joga Lee; Bonito dá o primeiro apoio ao nível do ataque e Subtil e Abreu fazem as despesas do ataque. Um esquema extremamente moderno e dinâmico, muito menos rígido que o do SLB - e como tal, muito mais exigente ao nível físico - daí a necessidade do 6º homem (Valente). Com valente em campo a pirâmide manteve-se, com Lee subindo mais do que é costume até ao meio-campo.
O jogo decorreu com o inevitável equilíbrio do costume - SPORTO e SLB trocaram várias vezes de posição como líderes no placar electrónico.
O SPORTO deveu muito à inspiração transcendente de Moura, à dureza de Valente, à técnica musculada de Lee, à tenacidade e entrega dos 2 croissants... e a 2 momentos mágicos de Bonito, que com jogadas 'do outro mundo' acabou animicamente com um SLB lutador. Um dos lances de Bonito foi de uma beleza plástica raras vezes vistas num sintético... dificilmente se verá melhor durante o ano.
Já o SLB recorreu mais às capacidades individuais dos seus intervenientes. Pignatelli conteve-se muito mais do que é costume, o que foi agradecido pela dupla defensiva Figueiredo e Pedrito (após a saída de Valente). Estes fizeram um bom jogo... exceptuando o desnorte táctico final, após o lance terrorista de Bonito Laden. Na frente, Marques e Costa (este último em grande forma, refira-se) deitaram fora talento, abusando do lance individual. Com Bragança em jogo a história foi parecida, apenas com os 'rodriguinhos' a serem trocados por remates e ressaltos. Faltou à equipa a 'mão' do Mister Sousa, que poderia ter dado do banco a receita para a vitória. Assim, o que se viu foi um desperdício de futebol ofensivo.
Como disse, e bem, no final, Pignatelli: No futebol, quem não mata morre. O SLB podia ter morto o jogo com outra atitude, mas deixou-se perder contra uma equipa que (no bom estilo sinérgico da gestão) jogou com 5+1. Parabéns ao SPORTO!


Os jogadores - Tema: Reis de Portugal

SPORTO

Moura (D. Afonso I - O Conquistador) - O nº 1 do DERBI só podia ser o Rei Fundador. Lutou contra legiões de Mouros e espanhóis, sempre vitorioso. Em grande forma, Moura gritou bem alto o nome do DERBI e afirmou-se na história como um heróico líder.

Abreu (D. Sancho I - O Povoador) - Um homem que vende comprimidos para o acto sexual só podia ser D. Sancho I, o povoador! No jogo, Abreu povoou o campo com a sua entrega, dando o corpo por completo à sua equipa.

Subtil (D. Afonso IV - O Bravo) - O Bravo Croissant, o Bravo 4x4, o Bravo Subtil. Subtil é um colosso em campo, joga cada bola como que se uma cruzada se tratasse. Um campeão na entrega, um Rei na atitude.

Ségio Lee (D. Afonso V - O Africano) - O Luso-Afro-Asiático conquistou leões e pradarias, com artes e forças bem medidas. Foi o porta-estandarte daquilo que é o SPORTO - nunca se entregou, lutou até ao fim, dilacerou seus inimigos e honrou a sua pátria.

Bonito (D. Fernando - O Formoso) - Formosos foram os lances de Bonito! Passou o jogo sempre um pouco ao lado, jogando bem, mas não magnificamente... até que abriu o livro! Do alfarrábio da sua arte saiu um lance de outro mundo, que acabou de vez com a tónica vermelha.

Valente (D. Filipe III - O Grande) - Filipe III... um rei... traidor. Ou não. Depende do ponto de vista, depende do lado da fronteira. Valente foi um Rei Grande, pois grande foi a sua entrega e grandes foram os seus cortes.



SLB

Pignatelli (D. João I - O de Boa Memória) - Em bom tempo se lembrou Pignatelli do que lhe têm dito nas crónicas e conversas... "mais calma, mais contenção". Assim fez e assinou uma das melhores exibições ao serviço do DERBI.

Pedrito (D. Pedro II - O Pacífico) - Pacificou a zona de guerra que era a defesa do SLB. Com cortes e presença eficazes, parou o mal pela raíz em muitas jogadas de ataque do SPORTO. E nunca se irritou com ninguém...

Figueiredo (D. Afonso II - O Gordo) - Oh, aquela barriga! Figueiredo fez uma boa exibição: entregou-se em pleno ao jogo, atacando e defendendo enquanto pôde e como pôde. Mas a barriga é um obstáculo que tem que ultrapassar para chegar à bola. Daí o elevado número de carrinhos para a frente... quando a barriga corria mais rápido que ele.

Bragança (D. Maria I - A Piedosa) - Bragança foi piedoso frente à baliza. Falhou mais golos do que devia, não foi o carrasco de outros tempos. Atravessa uma crise de confiança, que se deseja breve.

Marques (D. Duarte - O Eloquente) - O futebol que desenha no sintético é bonito, intrincado, eloquente. Mas o artista olhou muito para o umbigo e levantou pouco a cabeça. A equipa queria mais bola, mas ele também a queria. Perdeu o colectivo.

Costa (D. Sebastião - O Desejado) - Este Costa era desejado à muito! Perdeu-se em nevoeiros na 1ª época do DERBI, mas eis que surge o Desejado! El-Rei Costa está a jogar endiabradamente, é um colosso. Mas também deve levantar a cabeça e olhar mais para a plebe e para a burguesia... não vão os republicanos usurpar-lhe o lugar!

Por Nuno Cartaxana, enviado especial do DERBI Magazine

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