Oito anos depois, eis que voltaram os bois.


ISEG: 6
RESTOS DO MUNDO: 6


Dezasseis de dezembro de dois mil e dezoito. Apenas mais um dia no calendário gregoriano.
Ou talvez não.

A comunidade científica está em polvorosa com um novo debate que ameaça rasgar o mundo tal como o conhecemos.
Recentes estudos afirmam que esta data poderá para sempre marcar a linha temporal do universo como aquela que antecedeu o dia anterior e precedeu o dia seguinte.
A revista brasileira Atrevida avançou mesmo com a proposta de dividir, para todo o sempre, a realidade em duas frações autónomas mas coexistentes: tudo o que aconteceu antes de 16/12/2018 e o que aconteceu e acontecerá depois de 16/12/2018.

Mas não só. Atendendo à coerência do continuum espaço-tempo, a revista TV Guia, defende que, não só este momento (t) deverá ser tido em conta, mas também o local (x, y, z), nomeadamente a ITS Arena, no parque das nações, como componentes de um evento fundamental para a existência de toda a nossa dimensão!

Em suma, o que pareceu um jogo de futebol foi muito mais que isso. Não se realizando aquele jogo de futebol, naquele local, naquele momento – e o universo poderia ter deixado de existir.


E foi sobre o espectro cosmológico deste tremendo holofote universal que evoluíram, no sintético da ITS Arena, 14 estrelas da constelação DERBIana. 14 atletas, num total de aproximadamente UMA TONELADA de talento futebolístico (façam as contas). E carne.

Sob a toada festiva do Natal e dos aniversários de Lee e Moura, o espetáculo desportivo/geriátrico encantou todo o público presente.
O equilíbrio foi a nota dominante, num jogo feito de golos e defesas; explosão e implosão; velocidade e Tiago Leal; coragem e cagaço; técnica e – tirando essa vez em que houve técnica – vontade de ter técnica.
No final de vários eventos que envolveram uma bola e um lote caótico de seres humanos em movimento lento, o jogo terminou empatado em golos… E com o fantástico e nunca antes visto registo de ZERO lesões!!!
Está por isso de parabéns, o DERBI. Sobrevivemos!!


A CRÓNICA DO JOGO, por Luís Fretes Globo

TEMA: A TABELA PERIÓDICA

ATUARAM, PELO DERBI, OS SEGUINTES HERÓIS, CORPULENTOS, MÁSCULOS E PARECIDOS COM OS GAJOS DO 300, mas sem a parte mariconça dos tipos de Esparta, ok, porque aqui ninguém atraca de popa.

Mário Moura: Mg (Magnésio)
Magnífica exibição do D. Sebastião do DERBI, regressado após décadas perdido na neblina.
Guardião intransponível, com verdadeiro magnetismo nas luvas. Defendeu remate após remate adversário, numa exibição plena de coragem, estupidez e nódoas negras.
(informa-se que já começaram as obras no recinto para reposição do pavimento)

Sérgio Lee: C (Carbono)
Carbono, do grego “Car bono”, ou bom carro – pois Lee tem de facto um automóvel bem bom
(e também porque o elemento químico mais parecido com o nome dele é Sg… Seabórgio… e… vão-se encher de moscas!).
Sempre alvo de forte pressão adversária, tentou produzir diamantes, com jogadas bem planeadas – que terminaram quase sempre em pedaços escuros e fumegantes de carvão.

Nuno Figueiredo: Ca (Cálcio)
De ossos fortes e articulações equiparáveis à sagacidade tática de Rui Vitória, Figueiredo calçiou mais uma vez as chuteiras, e foi jogar de pantufas (apenas e só porque deu literalmente cabo dos sapatos ao fim de 5 minutos).
Marcou um golo num remate de longe e esteve por breves momentos perto de atingir o clímax, num portentoso cabeceamento à trave.
Felizmente, logo de seguida, o bug foi corrigido, a simulação que é o mundo que nos rodeia foi recompilada e tudo voltou à normalidade.

Pedro “Bragança”: Pb (Chumbo)
Esperava-se muito do homem da maratona. Aguardava-se um transmontano rápido e ágil.
Saiu isto. Pesado e tóxico, com pés de chumbo.
Tem que estudar mais e preparar-se melhor no próximo jogo. Ou então beber mais, antes do jogo.

Carlos Bonito: H (Hidrogénio)
Bela exibição! Leve, ágil, talvez o jogador com a menor massa atómica, explanou toda a sua técnica no sintético, numa exibição de alta qualidade, quase a ir ao génio.
Capaz de combinar facilmente com os demais jogadores e dotado de um surpreendente poder de explosão, surpreendeu pela boa forma física.
Dono, também, do segundo par de sapatos a perder a vida no sintético.

João Valente: F (Flúor)
Verdadeiro terror para a baliza contrária, marcou 3 golos do DERBI e ainda teve capacidade para preencher todo o corredor direito.
Refira-se apenas, para os que possam estar mais afastados, que o atual Valente ocupa mesmo muito espaço, pelo que encher um corredor inteiro não é grande façanha.
Nitidamente confortável com a ausência de espaldares, terminou a contenda com um sorriso de orelha a orelha.

Bruno Abreu: Ba (Bário)
Tão forte no campo como no bar, mostrando a mesma atitude a atacar balizas, cervejas, galinhas e outros animais do campo.
Há bários encómios que se podem fazer a Bruno Abreu: a galhardia, o colectivismo, o espírito varonil.
Um verdadeiro exemplo da evolução da farmacêutica moderna – impressionante a sua aparência jovem, atendendo aos seus 67 anos.
Fica na retina (para além de cerca de 120 milhões de foto-receptores) o cruzamento milimétrico para o já mítico cabeceamento de Figueiredo à trave. A sério!



PELOS RESTOS DO MUNDO, ATUARAM OS SEGUINTES VILÕES, SERES VIS E ASQUEROSOS, PUTREFACTOS, NAUSEABUNDOS E ATÉ, POR VEZES, COM BIGODE.

Bruno Ferreira: P (Fósforo)
O fósforo foi descoberto em 1669, por Henning Brand, ao destilar uma mistura de urina e areia. Ou seja, Brand mijou na praia e descobriu um elemento químico.
Era fácil ficar famoso no século XVII.
Já Bruno Ferreira não descobriu grande coisa e a sua chama durou pouco.
Um caso paradigmático de ejaculação precoce futebolística.

Filipe Ferreira: K (Potássio)
O mais jovem elemento do DERBI mostrou a capacidade atlética dos petizes e correu e correu e correu e correu e correu e correu e correu e correu e correu e correu.
Os veteranos do DERBI acharam que tanta corrida já era demais e mandaram ligeiras porradas ao gaiato, cortando-lhe pequenas fatias de fiambre. E mesmo assim continuou a correr e a correr e a correr e a correr.
Raios partam os putos que são chatos como o potássio.

Gonçalo Baptista: Ti (Titânio)
Tremendamente resistente!
Pela primeira vez numa longa história de jogos, eventos desportivos e meros movimentos repetitivos das pernas (vulgo, andar), Gonçalo não se lesionou!
A façanha gerou aplausos e contentamento de colegas, adversários, público e todo o setor dos seguros – com especial incidência para os seguros de saúde.
(de qualquer forma, aguardamos serenamente os resultados da ressonância magnética de rotina, para garantir que, de facto, nada aconteceu)

Nuno Pedro: Cr (Crômio)
Decididamente o maior cróm(i)o em campo, num regresso aplaudido pelos adeptos da pangeneridade e demais movimentos de defesa da identidade de género.
Não obstante toda a polémica criada pela utilização do balneário masculino, perfumou o campo com o seu futebol.
Sim, era a isso que cheirava. Não, não pisaram nada.

Tiago Leal: Sn (Estanho)
Pois… Tenho (viram o que eu fiz?) alguma dificuldade em avaliar o comportamento de Tiago.
Aplaude-se a bravura com que desafiou inúmeras leis da física, pelo mero ato de tentar correr?
Critica-se o facto de ser um corpo est(r)anho num ringue de futebol?
Sejamos leais e optemos pela primeira.

André Fernandes: Ga (Gálio)
Descoberto em 1875 por Lecoq de Boisbaudran, o Gálio tem várias aplicações práticas na sua forma metálica, sendo utilizado para a produção de espelhos, ligas metálicas e termômetros.
Já na forma não metálica não tem grande utilidade.
Tal como André Fernandes.
Não.
Estamos a ser incorretos: Nandes marcou o 5-6, num lance pleno de oportunismo, crença, fé, minha nossa Senhora e Deus nos valha, que é que é isto oh meu, o André marcou um golo, porra, é o fim do mundo - que catapultou os Restos para mais um golo - e para o fim do jogo, aleluia, que está na hora de ir papar e já há jogadores com tez purpura em campo.
Diga-se ainda que, para todos os maldosos que já estavam decididos a escrever uma crónica a gozar com o André, este golo foi um grande gálio.

Milton Ferreira: Cu (Cobre)
Milton Ferreira é o Cu.



Um bem-haja, festas felizes e até para o ano.
O DERBI CONTINUA

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